quinta-feira, 5 de março de 2009

Quinta Organizada: Invasão Corinthiana - edição 5

E mais uma edição da nossa 'Quinta Organizada'!

Tô achando esse Rodrigo meio corinthiano demais, viu... RS
Mas como o Ronaldo estreou ontem, os corinthianos estão na maior alegria (e com razão!), merecem uma homenagem dessas... ainda mais com texto do Nelson Rodrigues.

Divirtam-se...


  • edição 5 - Invasão Corinthiana

Nessa edição da quinta organizada vamos fazer uma homenagem uma torcida que sempre surpreende.

Não vou escrever sobre uma torcida organizada apenas, mas sim sobre uma nação. Sobre pessoas apaixonadas que realmente fazem a diferença numa partida de futebol.


Vamos voltar no tempo até o dia 5 de dezembro de 1976. Dia que entrou para a história do futebol mundial como o dia em que uma legião de Fiéis invadiu o Rio de Janeiro em nome de uma paixão – o Todo Poderoso Sport Club Corinthians Paulista. Já se passaram mais de 30 anos, mas até hoje a data é lembrada por torcedores e jornalistas como o dia da “Invasão Corinthiana”, quando mais de 70 mil corinthianos foram ao Rio para torcer pelo Timão contra o Fluminense, na semifinal do Campeonato Brasileiro, naquele que foi o maior deslocamento popular por causa de um evento esportivo em todos os tempos.

Nessa época o Timão já amargava um jejum de 22 anos sem títulos. E foi nessa mesma época que, inexplicavelmente sua torcida cresceu muito. Empolgados com a campanha alvinegra no Campeonato Brasileiro daquele ano, os torcedores corinthianos esgotaram os ingressos disponíveis para a torcida do Timão, organizaram uma enorme caravana e dividiram o Maracanã com a torcida do Fluminense para assistir à partida, que foi disputada em grande parte sob uma chuva torrencial, deixando o jogo ainda mais dramático.

No Brasileirão de 1976, a disputa pela vaga na final era feita em uma única partida, ou seja, não havia espaço para erros. Como não poderia deixar de ser, o embate foi equilibrado desde o início. O Fluminense, que por ironia do destino contava com o craque Rivellino, grande ídolo corinthiano, não estava disposto a entregar a vaga, apesar da Fiel ter feito com que o Maracanã parecesse o Pacaembu (palavras do próprio jogador), e abriu o placar aos 18min da primeira etapa, com Carlos Alberto Pintinho.

Uma tragédia parecia se anunciar para a torcida alvinegra, que viajara tantos quilômetros para incentivar seu time. Mas com a Fiel ao seu lado, os jogadores alvinegros tiveram forças para reagir e conseguiram empatar a partida. O gol que igualou novamente os times no placar saiu dos pés de Ruço, aos 29min do primeiro tempo – um golaço de meia bicicleta.

O jogo permaneceu empatado até o final e a vaga na decisão da competição teve que ser definida nos pênaltis Foi então que surgiu o gigante Tobias no gol alvinegro. O arqueiro corinthiano defendeu as cobranças de Rodrigues Neto e Carlos Alberto Torres, capitão da Seleção Brasileira na conquista do tricampeonato mundial, em 1970, no México.

As defesas de Tobias somadas às cobranças convertidas de Neca, Ruço, Moisés e Zé Maria deram ao time do Parque São Jorge a classificação para a final, que seria disputada contra o Internacional de Porte Alegre.


A partida final não teria a mesma glória do jogo contra o Fluminense. O Inter acabou derrotando o Timão por 2 a 0, no Beira-Rio e se sagrou Campeão Brasileiro daquela temporada, prolongando o jejum alvinegro por mais alguns meses. Mesmo sem o título, o saldo do campeonato foi positivo para o Corinthians. O time mostrou que era uma grande potência do futebol nacional e deu sinais de que o jejum não duraria muito. De fato, no ano seguinte o Coringão seria o Campeão Paulista e retomaria a rotina de títulos.

Fluminense 1 x 1 Corinthians
Campeonato Brasileiro de 1976
Data: 05/12/1976
Estádio: Maracanã
Público: 146.043
Renda: Cr$4.027.250,00

Corinthians: Tobias, Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Givanildo (Basílio), Ruço e Neca; Vaguinho, Geraldão (Lance) e Romeu.
Técnico: Duque

Fluminense: Renato, Rubens Galaxe, Carlos Alberto Torres, Edinho e Rodrigues Neto, Cléber (Erivélto) e Rivellino; Gil, Doval e Dirceu.
Técnico: Mário Travaglini

Gols: Carlos Alberto Pintinho 18min e Ruço 29min 1º tempo
Pênaltis: Neca, Ruço, Moisés e Zé Maria para o Corinthians; Doval para o Fluminense

E aqui segue um texto de Nélson Rodrigues, sobre a Invasão Corinthiana no Maracanã em 1976.

"Uma coisa é certa: não se improvisa uma vitória. Vocês entendem? Umavitória tem que ser o lento trabalho das gerações. Até que, lá um dia,acontece a grande vitória. Ainda digo mais: já estava escrito há seismil anos, que em um certo domingo, de 1976, teríamos um empate. Sim,quarenta dias antes do Paraíso estava decidida a batalha entre oFluminense e o Corinthians.
Ninguém sabia, ninguém desconfiava. O jogo começou na véspera, quandoa Fiel explodiu na cidade. Durante toda a madrugada, os fanáticos dotimão faziam uma festa no Leme, em Copacabana, Leblon, Ipanema. E asbandeiras do Corinthians ventavam em procela. Ali, chegavam oscorintianos, aos borbotões. Ônibus, aviação, carros particulares,táxis, a pé, a bicicleta.

A coisa era terrível. Nunca uma torcida invadiu outro estado, comtamanha euforia. Um turista que, por aqui passasse, havia de anotar noseu caderninho: "O Rio é uma cidade ocupada". Os corintianos passavama toda hora e em toda parte.

Dizem os idiotas da objetividade que torcida não ganha jogo. Poisganha. Na véspera da partida, a Fiel estava fazendo força em favor doseu time. Durmo tarde e tive ocasião de testemunhar a vigília da Fiel.Um amigo me perguntou: "E se o Corinthians perder?" O Fluminense eramais time. Portanto, estavam certos, e maravilhosamente certos oscorintianos, quando faziam um prévio carnaval. Esse carnaval nãoparou. De manhã, acordei num clima paulista. Nas ruas, as pessoas nãoentendiam e até se assustavam. Expliquei tudo a uma senhora, gorda epatusca. Expliquei-lhe que o Tricolor era no final do Brasileiro, oúnico carioca.

Não cabe aqui falar em técnico. O que influi e decidiu o jogo foi atorcida. A torcida empurrou o time para o empate. A torcida não parou de incitar. Vocês percebem? Houve um momento emque me senti estrangeiro na doce terra carioca."

Por: Rodrigo Hasimoto - em homenagem ao leitor do blog e corinthiano Mauro.

3 comentários:

  1. Vlw mesmo pela homenagem!!!
    Essa invasão vai dar por muito tempo o que falar, aliás, essa é para a eternidade!!!
    Pena que aconteceu no ano em que nasci e não pude acompanhar o TODO PODEROSO nessa!!!
    Parabéns por mais um post!

    ResponderExcluir
  2. Esse foi um momento onde todo mundo queria ser corinthiano e aqueles que ainda nao eram, assim como eu, passamos a ser. Uma invasao que invadiu os coracoes daqueles que ficaram vendo pela telinha...obrigado pelo lindo texto. Edgee - Australia.

    ResponderExcluir